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POR QUE EMILY EM PARIS?

por Larissa Mendonça Lütkemeyer - CRP 07/16189


Um dia desses eu estava exausta da semana de trabalho e estudo intenso e decidi assistir algo bem leve e divertido para relaxar. Já tinha ouvido alguns elogios, então escolhi a série Emily em Paris, ou Emily in Paris (título original), para usufruir nesse momento de descanso. Confesso que ela cumpriu muito bem o meu objetivo! São 10 episódios curtos disponíveis no Netflix, cada um tendo em torno de meia hora de duração, que foram assistidos em uma maratona dividida em duas partes, uma no sábado à noite e outra no domingo à tarde.


Emily Cooper é uma jovem americana, que deixa a cidade de Chicago para trabalhar em uma empresa conceituada de marketing na capital da França, tendo por objetivo apresentar uma visão americana à empresa. Substituindo de última hora sua chefe, impossibilitada de assumir o trabalho depois de descobrir-se grávida, Emily parte para Paris, deixando seu namorado em Chicago e sem saber falar uma frase sequer em francês, mas com o entusiasmo de uma mulher no auge dos seus vinte e poucos anos!


Deslumbrada com a cidade, empolgada com a oportunidade, na empresa parisiense ela encontra muita resistência e desafios para conquistar a confiança dos colegas e superar as diferenças culturais enormes entre a visão americana e francesa de fazer marketing. Sentindo-se solitária e deslocada na cidade, a protagonista conhece Mindy, uma babá também estrangeira que a ajuda a sentir-se menos solitária, oferecendo sua companhia e dicas importantes sobre a vida em Paris.


Atrapalhada com as diferenças, até mesmo na forma de contar os andares do prédio onde mora, Emily conhece Gabriel, seu vizinho, que lhe ajuda a sair de algumas situações embaraçosas, principalmente pela dificuldade de Emily em compreender e se comunicar na língua local, além de Camille, uma jovem muito simpática da região de Champagne, que mais tarde ela descobre que namora seu vizinho. A partir daí inicia-se uma série de situações engraçadas, divertidas, constrangedoras, assim como vai surgindo um clima de romance entre Emily e Gabriel.


Como toda a boa série, a temporada acabou no auge dos acontecimentos, deixando a minha curiosidade aguçada e me fazendo pensar o que tanto havia me chamado atenção em Emily em Paris. Fui “chorar as pitangas” com os amigos e saber o que eles acharam da série, pois eu precisava conversar a respeito, já que estava ainda extasiada pela falta dos próximos capítulos, ainda sem data para estrear. E foi conversando com outras pessoas, que me dei conta de alguns assuntos que a série aborda, alguns de forma explícita, outros de forma sutil, talvez para não perder a leveza que lhe é característica.


Para começar, Emily está sempre bem arrumada, mesmo que considerada inadequada pela sua chefe francesa, exibe um constante sorriso no rosto e um bom humor invejável, buscando encontrar sempre uma solução ou um lado positivo nas situações mais adversas. Alguns dos motivos de parte das críticas que a série recebeu. Mas, eu fico me perguntando, se esse seu jeito não poderia ser considerado o que chamamos de resiliência: a capacidade de lidar com problemas, se adaptar às mudanças ou se recuperar de situações de crise, aprendendo com elas. Emily mostra muita criatividade para sair das inúmeras “saias justas” em que se mete ao longo dos capítulos, criando soluções arriscadas, porém eficazes, para resolver os desafios que lhe são impostos nessa experiência.


Também chamou minha atenção seu jeito inicialmente mais rígido, cheio de regras e métodos, contrastando com a leveza e liberdade da vida em Paris. No entanto, aos poucos, Emily vai se permitindo relaxar, ficar mais à vontade e experimentar formas diferentes de encarar e viver as experiências que vão se apresentando, tornando-se um pouco menos controladora e mais espontânea.


Também não posso deixar de pontuar que, em uma determinada cena, Emily critica a forma sexista como os franceses lançam seu olhar ao corpo feminino ao criar uma propaganda de perfume. Aqui não quero entrar no mérito da questão referente aos franceses, mas entendo que a cena busca promover uma reflexão sobre esse tema de extrema importância, que é a cultura sexista e o ainda preponderante machismo na sociedade.


O clima de romance e sedução perpassa boa parte do seriado, já que o jeito ingênuo, simpático e vibrante de Emily parece conquistar o interesse de muitos personagens. E é aí que o final da série abre algumas possibilidades… Dois atores, em entrevista recente, deixaram no ar a possibilidade da formação de um trisal na segunda temporada. Será que essa sequência abordará outros assuntos atuais como o poliamor? Seria mais um tema interessante para suscitar reflexões.


Por fim, fiquei com gostinho de quero mais e na expectativa para saber como a jornada de Emily por Paris seguirá ocorrendo. Entretanto, nem todos tiveram a mesma boa impressão. A série divide opiniões. Muitas pessoas acharam a série fofa e divertida. Outros tantos tecem críticas de leves a pesadas. Algumas delas, dizem respeito à forma estereotipada e até caricata com que os franceses são retratados na série. Outras fazem referência ao despreparo da protagonista para lidar com o trabalho que foi desenvolver. E há ainda os que repudiam o jeito sempre bem humorado e sorridente de Emily.


Tenho certeza que série nenhuma vai agradar a todos que assistem. Portanto, recomendo que assistam, divirtam-se (se possível) e formem suas próprias opiniões a respeito de Emily em Paris. Eu adoraria saber o que vocês pensaram sobre ela.


Larissa Mendonça Lütkemeyer é Psicóloga clínica e perinatal, psicoterapeuta de orientação psicanalítica e em formação para atendimento na relação pais-bebês. Participou da criação do aplicativo AMAR É.


Nas redes sociais como:

@psicolarissamlutkemeyer



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