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GreenLeaf

por Shirley Cardoso - CRP 06/30147


A história começa com a Grace Greenleaf (Merle Dandridge) retornando ao ceio familiar após ter cortado relações com sua família, para o enterro da irmã Faith, que se suicidou. A volta da ex-pastora gera diversos conflitos familiares, principalmente com sua mãe, Lady Mae (Lynn Withfield). Quando volta para casa, Grace decide que fará justiça pela irmã, desmascarando o tio, Robert McCready (Gregory Alan Williams), que, anos atrás, estuprou Faith. Mesmo Grace tendo denunciado o caso à família, ninguém acreditou nela e Faith, com medo, negou o caso. Já não bastasse escancarar problemas como o abuso sexual, Greenleaf aborda ainda diversos temas atuais sem medo. A corrupção é um deles.


O assunto aparece por meio da figura do pai de Grace, o bispo James (Keith David), responsável pela igreja Calvário, uma das mais ricas da região de Memphis, e, que, claro, não conseguiu isso apenas às custas das graças divinas. Religião, sexualidade, adultério e até a morte de jovens negros por policiais, estão entre os assuntos da primeira temporada da série, que, além de ser da emissora da Oprah, conta com a apresentadora como produtora-executiva e também no elenco. Ela dá vida a Mavis McCready, a tia de Grace e que terá um papel fundamental na divulgação dos casos de assédio.


Analisando a 1a. temporada da série, podemos perceber o poder persuasivo que uma pessoa, independente do credo, tem sobre aqueles que creem na palavra de "Deus", a Bíblia ou Evangelho, que na verdade é um só ensinamento "Sedes bom e misericordioso para com o próximo, como para a ti mesmo. O problema é o que o homem faz com este saber/poder, trazido pelo conhecimento desses saberes? A máxima "ama o teu próximo como a ti mesmo e fazei à ele o que gostaria que se fizesse à você" fica distorcida na interpretação do homem que tem nas mãos o poder do conhecimento e o manipula, dispensando este potencial de amor ao humano, por poder/posses.


O ser humano, ainda hoje, entende esta máxima mais como: "Sou melhor que o outro", daí o outro deve ser submisso ao meu saber, ao meu poder, ao meu dinheiro. E tudo passa a ter um preço. Tudo pode ser comprado por uma moeda inexistente, o querer.

Quando eu acredito que o meu poder é maior que o seu, eu creio que seu silencio, medo, vergonha, humilhação, bem com a justiça, também podem ser comprados, pela força do poder, da manipulação.


Esta série mostra este quadro especialmente em família. O que fica claro quando a personagem principal retorna ao lar, após ter ido embora por não concordar com as coisas que via e vivia no seio familiar, é que ela percebe que sua família ainda continua andando por caminhos opostos ao que era pregado, sendo essas relações familiares omissas, aquelas que fingem não ver o que acontece, para manter a aparência e status.


Trata-se de uma série que já vai na 5a. temporada, passada nos anos 60 e quando olhamos parece tão atual. Vivemos um momento onde todas as regras são desrespeitadas e achamos normal, especialmente quando ocorre em família. E nos omitimos para não nos expormos, embora possamos até não concordar. Razão pela qual muitas vezes fechamos os olhos para o óbvio e permitindo que ele permaneça.


E assim, seguimos desrespeitando o próximo, como se ele não nos dissesse respeito, não fosse pelo fato de que essa atitude nos mostra o quanto nos perdemos de nós mesmos, na medida em que abandonamos o humano e nos aproximamos mais do animal irracional que habita em nós. Pois se observarmos, com a morte, nada levamos. Nenhuma de nossas conquistas, especialmente as materiais. Partimos, correndo o risco de não ter adquirido nada de verdadeiramente enriquecedor pra nossa alma, que seria a plenitude do amor incondicional.


"Sois Deuses". Lembrando que ninguém dá aquilo que não tem.

Bora fazer diferente!??


Shirley da Silva Cardoso, Psicóloga Clínica e Hospitalar, Psicopedagoga e Psicossomaticista, atuando na área há 32 anos, Escritora. Terapeuta Comportamental Cognitivista, atende à crianças, adolescentes e adultos. Diretora da Empresa Ascendpsi Consultoria em Relações Humanas. Dona de Casa e Mãe...

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