Por Angelo Rafael - CRP: 01/17732
Começo esse texto com a minha apresentação e uma contextualização importante para vocês entenderem o impacto que a série Heartstopper gerou em mim e em todas as pessoas da minha rede social!!!
Prazer, sejam todos muito bem vindes. Meu nome é Ângelo Rafael, sou um homem trans, branco, bissexual, de 31 anos de idade, não monogâmico, em fase de transição social e hormonoterapia. Dito isso, vou contar para vocês a minha experiência com seriados que tem a comunidade LGBT+ como foco.
Todos os filmes e seriados que eu assisti ao longo da minha vida que falavam de relacionamento entre pessoas do mesmo gênero, tendiam a estereotipar os personagens deixando claro que ser homoafetivo traz apenas tristeza, sofrimento e perdas. Se você que está lendo esse texto pensa dessa forma ou, ainda, se conhece pessoas que ainda tem essa concepção, preciso lhes informar que já estamos em 2022 e desde 17 de Maio de 1990 a homossexualidade foi retirada da 10ª Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados a Saúde (CID). Assim como, ocorreu na 72º Assembleia Mundial da Saúde em Genebra a retirada da transexualidade como classificação de transtorno mental da 11ª versão Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde (CID), oficialmente no dia 21 de Maio de 2022.
Dito isso, a repercussão que o seriado Heartstopper teve nas minhas redes sociais foi enorme!!! A série foi lançada no dia 22 de Abril de 2022, na Netflix. E porque ela nos chamou tanto atenção? Por que finalmente nos conectamos com uma obra que conta a história de relacionamentos homoafetivos sem atrelar a orientação sexual dos personagens a doenças, tragédias ou até mesmo abuso de substâncias lícitas e ilícitas.
Eu não estou dizendo que pessoas da comunidade LGBT+ não possam apresentar condições físicas e/ou psicológicas que devem ser tratadas, mas precisamos entender que reduzir o sujeito a sua orientação sexual já é uma visão muito reducionista e, ainda, reduzir a orientação sexual à alguma doença ou condição psicológica é reduzir ainda mais a história desse sujeiro.
Heartstopper conta a história de Charlie que inicia a série com um relacionamento que deve ser escondido, pois o outro rapaz não tem coragem de assumir que gosta de meninos (algo muito comum de acontecer no meio LGBT+, devido o medo de sofrer preconceitos e violências diversas). Em seguida Charlie se apaixona por um aluno que é o popular astro do rúgbi da escola e ali começam uma amizade que se transformará em um relacionamento amoroso. Óbvio que essa relação terá seus altos e baixos, mas o mais impressionante é que os personagens conseguem manejá-la de forma saudável por meio de diálogos, comunicação, empatia, respeito e paciência em entender que cada um tem o seu tempo interno para elaborar sua sexualidade.
Concomitante com essa narrativa, a série inclui personagens lésbicas, negras e transexuais. Traz às dificuldades comuns e fieis a realidade que cada uma dessas pessoas LGBT+ apresenta dentro de uma comunidade que é majoritariamente cisheteronormativa e dá maior importância e privilégio para essas vidas (pessoas cis são aquelas que se identificam com o gênero que foi designado ao nascimento; que tem como orientação sexual a heterossexualidade).
Além disso, a série também traz como pauta a existência da orientação sexual intitulada Bissexualidade de personagens que tendem a ter angústia quando se questionam: qual tipo de pessoa eu me sinto atraído? Será que eu gosto de meninos e meninas? Ou será que gosto apenas de um gênero? Será que eu consigo me relacionar afetivamente com os dois? E sexualmente?
Infelizmente, por ora, a série Heartstopper só tem uma temporada e cada episódio nos enche tanto de amor e carinho que pedimos por mais. Estou muito ansioso para aguardar a próxima temporada e vir contar para vocês o desenrolar dessa história tão amorosa e carinhosa de assistir. Que tal chamar alguém para assistir junto com você que quer aprender mais sobre a comunidade LGBT+?
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