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O que Cristina e Burke, de Grey’s Anatomy, nos ensinam?

Grey’s Anatomy é uma série de televisão bastante conhecida que retrata as vivências e histórias de diferentes médicos cirurgiões do hospital Seattle Grace, posterior, Memorial Grey-Sloan. A série que teve sua primeira temporada exibida em 2005, a cada dia conquista mais fãs pelo mundo. Eu diria que a série é tão querida por inúmeras pessoas pelo fato de retratar situações comuns a todos, momentos em que os personagens passam por dificuldades, alegrias, esperanças, raivas, decepções, contratempos, sonhos, desejos, tristezas, enfim, situações semelhantes as quais nós passamos dia após dia. Além disso, cada personagem representa as mais diferentes personalidades e jeitos de ser o que faz com que a gente se identifique com eles.


Ao decorrer da trama, como já é de se esperar, formam-se vários casais, alguns muito adorados pelos telespectadores e outros nem tanto. Entre eles, lembramos de um bastante especial que, com certeza, marcou a série. Estou falando de Cristina Yang e Preston Burke. Amo o casal, mas também amo os personagens em suas individualidades.


Esse casal deu o que falar, afinal de contas tanto Cristina Yang quando Preston Burke foram personalidades muito significativas em Grey’s Anatomy. Ela, que iniciou a série e conheceu Burke enquanto interna (como se fosse uma estagiária) de cirurgia no hospital, é uma mulher decidida, independente, autêntica, profissional, determinada e muito competente. Desde o primeiro momento em que conhecemos Yang já percebemos que é uma pessoa focada e interessada fundamentalmente com o trabalho. Têm ambições de crescimento profissional e não exita em deixar claro que seu principal objetivo é se destacar entre os médicos e desenvolver com êxito sua carreira profissional. Burke, assim como Cristina, também tem suas ambições profissionais, ele que é chefe da cirurgia cardiotorácica, aspira o cargo de chefe do departamento cirúrgico do hospital. Até o momento, somente percebemos que ambos são pessoas seguras e focadas no trabalho, até que conhecemos também o outro lado deles.


Entre idas e vindas, Cristina Yang e Preston Burke iniciam um relacionamento secreto que se estende a um namoro sério e chega até ao altar. Porém durante todo esse relacionamento, claro, existe uma história com seus embaraços para se contar. Embora os dois se dediquem incessantemente ao trabalho, também possuem características pessoais bastante distintas. Enquanto Cristina demonstra interesse principalmente em cirurgias e atividades profissionais, Burke sente falta de conversas sobre questões mais íntimas e pessoais. Ele é sensível e tem interesses familiares, enquanto ela tem dificuldades de expor seus sentimentos. Em uma cena Burke diz a Cristina “você não faz perguntas pessoais, é difícil de te conhecer”. Suas rotinas e hábitos não se cruzam. Em casa, ela é uma pessoa totalmente desorganizada, a ponto de escovar os dentes na pia da cozinha e ele extremamente organizado e disciplinado. Burke mostra seu amor e carinho enquanto Yang, mesmo que o ame igualmente, não o demonstra facilmente.


Yang teve muita dificuldade em aceitar o pedido de Burke para que fossem morar juntos e o pedido de casamento, pois para ela sua vida gira em torno do trabalho e tem dificuldade em se envolver emocionalmente. Diante da persistência de Burke, Cristina aceita os dois pedidos. No período em que são noivos surgem novos desafios. Cristina quer uma cerimônia simples e Burke um casamento para marcar a história. Mesmo contra sua vontade, para satisfazer o noivo, Cristina segue todos os passos de uma noiva que programa minuciosamente o dia de seu casamento. Ele planeja empolgado os detalhes, enquanto ela faz por obrigação aquilo que ele considera importante.


Quando chega o grande dia do casamento, a história do casal dá uma reviravolta, o que para muitos telespectadores deve ter sido frustrante. Na porta da capela, Cristina exita em entrar. Burke, sai do altar, vai até Cristina e diz: “você não quer se casar, não quer entrar, mas vai entrar mesmo assim, porque me ama, mas se eu te amasse, não a mulher que eu espero que seja e se torne, mas você, eu não estaria a esperando, eu deixaria você livre.” Então Burke vai embora da igreja, do hospital e de casa. Nesse momento termina o romance de Cristina Yang e Preston Burke, que somente se reencontram em temporadas seguintes por questões de trabalho.


Confesso que inicialmente o fim do relacionamento me deixou chateada, mas se observarmos cuidadosamente as palavras de Burke ao ir embora, começamos estabelecer um novo ponto de vista sobre o término. Cristina é uma mulher brilhante, está iniciando sua carreira e tem como principal objetivo de vida o sucesso na medicina. Preston também é brilhante, mas já está em outra fase de sua vida e além da medicina também tem desejos e necessidades em sua vida pessoal. Existiam hábitos, objetivos e pessoas diferentes. Cristina estava deixando desaparecer parte de sua originalidade para seguir no relacionamento. Fico me perguntando o quanto isso acontece hoje em dia com as mais variadas pessoas e casais. Será que vale a pena deixarmos de lado quem somos, nossos sonhos e objetivos para manter uma relação? Com isso não quero dizer que sempre que encontrarmos diferenças em nossos pares devemos romper um relacionamento, pois sempre vão existir diferenças pessoais que podem ser discutidas. Ambos em uma relação precisam ceder em algum momento. Detalhes podem ser resolvidos. É possível aprender com o parceiro. Porém, quando falamos em mudar quem somos e nossos objetivos de vida, talvez seja importante repensarmos. Se imaginarmos o futuro da relação de Cristina e Preston, podemos pensar que ela não estaria feliz porque estaria fazendo coisas que não estava de acordo com suas ideias e desejos e ele também não estaria feliz, pois Cristina não corresponderia a suas expectativas e necessidades.


Cristina e Preston nos ensinam que antes da gente ser um casal, a gente é um indivíduo. Que precisamos estar de acordo com nossas ideias, seguros de si mesmos, sobre nossos sonhos e desejos para depois podermos compartilhar tudo isso com alguém. Caso seja necessário que deixemos de lado nossa essência, talvez precisamos repensar sobre essa relação. Não digo isso porque penso que a gente nunca deve mudar, mas sim porque as mudanças primeiramente devem acontecer por nós mesmos, para que sejamos pessoas melhores e não unicamente pelo outro.


Karina de Oliveira é psicóloga online, CRP 07/29458. Realiza atendimentos psicológicos, palestras e workshops online. Seu trabalho é embasado na terapia cognitivo-comportamental. Acompanhe seu trabalho em: Facebook: https://www.facebook.com/interagindocomomundokarinadeoliveira/ Instagram: https://www.instagram.com/interagindocomomundo/

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