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MACHOSALFA - Estereótipos que podem eliminar de vez a Espontaneidade dos Relacionamentos

Por Ana Claudia Lourenço (CRP 5/41795)


“MachosAlfa” é uma série que traz à tona a discussão sobre a politicamente incorreta Masculinidade Tóxica. Sei que este meu texto pode trazer certa inquietação em algumas pessoas mas trago aqui o meu ponto de vista.


A série mostra a realidade de quatro amigos que buscam ajuda em um Grupo de Apoio nomeado “Bem-Estar Emocional – Desconstrução da Masculinidade”. A queixa central que os leva a este grupo é o comportamento masculino carimbado com verbetes como, heteronormativo, homofóbico, além de evidenciar certa falta de sensibilidade e uso de palavras chulas.


Pedro, executivo bem-sucedido, perde o emprego para uma executiva mulher. Para ele, sua posição foi ocupada por uma mulher, apenas por uma exigência do politicamente correto, devido ao seu último projeto “Vadia Má”, e não pela competência da nova profissional.


Daniela, namorada de Pedro, está consolidando sua carreira como Criadora de Conteúdo. Ela propõe que ele trabalhe com ela e que façam uma parceria, porém ele refuta esta ideia. Pedro era o provedor da casa e realmente é difícil aceitar que agora precise ser sustentado por sua namorada, principalmente quando o trabalho dela é tão novo para ele e que exija grande exposição de sua vida, sua casa e do corpo dela.


Quando Pedro cede e resolve trabalhar para/com a mulher ele ouve dos amigos: “Você não trabalha para ela, é apenas um pau mandado de mulher”. Isto, para um homem que foi criado para ser o provedor da casa, é uma grande ofensa.


Pedro tenta encontrar trabalho da forma tradicional, é ridicularizado por já estar mais velho e ouve a todo tempo, que precisa se reinventar. Seguindo os passos de Daniela, Pedro resolve se reinventar e cria um curso sobre “Masculinidade e Virilidade”, que em poucos dias viraliza. Sem precisar comprar seguidores, Pedro vê seu crescimento nas redes sociais, se empolga com a nova forma de fazer dinheiro e acredita que pode acompanhar a namorada, cada um com sua filosofia e ideologia, porém, ela se sente ameaçada e não o apoia. O mercado politicamente correto, começa a cancelar Daniela nas redes, pelo fato dela ser namorada de Pedro. Ou ela termina o relacionamento ou seus patrocinadores a deixam.


Reflexão:

Estando ambos dentro do respeito e da lei, motivados por diferentes ideologias de pensamentos, os dois com grande número de seguidores, por que não podem coexistir, cada um com seus trabalhos, produtos e patrocinadores?

Santiago (Santi) e Blanca são separados, ela ficou com a guarda da filha, com a casa do casal (ele paga a hipoteca sozinho), com o carro dele (ele paga o seguro) e ainda recebe dele uma pensão. A separação se deu quando ela resolveu traí-lo com o dentista da filha, mas Santi ainda gosta de Blanca.


Estando agora mais velha, a filha Álex resolve morar com o pai e começa a tomar conta da casa e da vida dele. Ela impõe suas regras e ele as obedece. Ela marca encontros para ele no Tinder, controla as roupas que ele usa, separa seus objetos para doação, arruma os armários e quer administrar tudo de sua própria maneira, sem a participação dele.

Álex leva parceiros de ambos os sexos para a casa do pai e diz que “prefere não se definir sexualmente pois não gosta de rótulos”. Ela usa vários termos e jargões que carimbam todas as falas do pai. Por suas falas, ela parece não entender que as pessoas podem ter gostos individuais e isto não representar “gordofobia”, “homofobia” ou “ditadura de corpos normativos”. Como se sentimentos e preferências tivessem que seguir padrões externos e não internos.


Reflexão:

Santi, mesmo tendo sido traído pela esposa, paga por sua casa, deixa com ela o seu carro e paga pensão, ainda assim pode ser considerado como um homem tóxico?


O comportamento de Álex, impondo suas vontades em uma casa onde acabou de chegar e regulando a vida do pai, pode ser considerado um comportamento tóxico?

Raúl deseja um relacionamento tradicional com Luz, mas transa com Carmen, esposa de seu sócio, sem que eles saibam. Luz propõe a Raul um relacionamento aberto, mas ele não consegue aceitar. Ela diz não querer um casamento no modelo patriarcal e monogâmico, diz não gostar de monotonia, pois aos 42 anos, ela querer o aconchego do lar e o aconchego do outro.


Reflexão:

Quem está certo, Raúl ou Luz? Será que ambos estão certos, faltando apenas parceiros que entendam e aceitem o modelo que cada um tem como preferência?

Luis e Esther são casados e ambos trabalham fora, porém, pelo que observei, ele cuida da casa e das crianças na maior parte do tempo. Esther sente falta de sexo e Luis tenta cooperar mudando sua rotina. Ele começa a frequentar terapia de casal, a fazer reposição hormonal, mas ela não aguenta espera-lo e tem um caso com seu professor de ginástica.


Reflexão:

Caso Luis tivesse sedento por sexo com Esther e ela cuidasse da casa, dos filhos, trabalhasse fora, estivesse tentando melhorar sua vontade sexual, e ele não esperasse por ela, se rendendo aos encantos da professora de ginástica, será que ele seria considerado um macho tóxico e insensível ao momento da esposa?

Gostaria de trazer a reflexão de que a dita sociedade patriarcal também oprime os homens, mas ninguém fala sobre isto. Eles não podem chorar ou expressar suas emoções, são responsáveis pelo sustento da família, precisam estar viris e dispostos todos os dias e também são obrigados ao serviço militar, responsabilidades não cobradas das mulheres.


Sim, a sociedade patriarcal faz outras cobranças às mulheres, mas o que eu quero trazer aqui é que não devemos intitular comportamentos tradicionais como tóxicos, pois muitas pessoas ainda gostam deste modelo de sociedade e, de alguma forma, tanto homens quanto mulheres são reféns de padrões pré-estabelecidos, que não vão sumir da noite para o dia, mas sim através de acordos entre os casais, através do diálogo dos relacionamentos modernos.


Não me refiro aqui à violência ou fata de respeito, que são posturas intoleráveis vindas de homens ou de mulheres, em qualquer modelo de sociedade. O que quero trazer é que somos humanos, somos diferentes e temos gostos e opiniões distintas. Toda oportunidade de melhoria dos relacionamentos, focando no respeito ao outro, é sempre válida, porém temos que observar se a balança está equilibrada, se realmente o que está sendo pregado e propagado é real e de interesse da sociedade como um todo.


As cobranças externas por um modelo imposto como regra, tira a espontaneidade das relações e causa dúvidas que dificultam os relacionamentos. Se a sociedade patriarcal monogâmica não é a ideal, uma sociedade engessada no politicamente correto também não é. A sociedade deve estimular relacionamentos livres de preconceitos, desta forma, as pessoas irão se unir, espontaneamente, por afinidades verdadeiras.

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Ana Claudia Lourenço é Psicóloga, Master Coach e Consultora de RH.

Seu trabalho tem como base a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Psicologia Positiva.

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Blog escrito por psicólogas e psicólogos de todo Brasil.

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