por psicóloga Raquel Tezelli - CRP 01/13601
A série apresenta um elenco com jovens que praticam patinação no gelo e àqueles que possuem alguma relação interpessoal com os patinadores. Ela inicia com uma breve demonstração da dinâmica familiar Baker: Carol (January Jones), Kate (Kaya Scodelario) e Serena (Willow Shields). Nesse contexto, Kate (filha mais velha) e Carol (mãe) tem o diagnóstico de Transtorno Bipolar mas se diferenciam em sua personalidade e na aceitação desse quadro.
Nos primeiros episódios a série traz a tona a realidade do diagnóstico tanto perante o uso da medicação e acompanhamento psicológico quanto na ausência de um tratamento. Assim, ela expões em um diálogo (ep.5) o motivo da resistência da mãe (Carol) em aderir o uso de remédios. Essa cena mostra a justificativa de muitos indivíduos que possuem o Transtorno Bipolar a se negarem ou a não tomarem de modo contínuo a medicação e a não realizarem o acompanhamento psicológico. É relevante pontuar essa questão pois os indivíduos com esse diagnósticos são muito julgados com ou sem medicação.
Os episódios têm o cuidado de relatar as dificuldades das pessoas que vivem nesse quadro e de informar ao telespectador a respeito do tratamento profissional e relações sociais que envolve quem tem esse diagnóstico. Um exemplo disso são as diversas falas de Kate e Carol sobre o incomodo de não conseguirem se conectar com o outro, de não sentirem empatia, de não conseguirem formar um vínculo forte com alguém. Esses relatos fazem parte da realidade de muitas pessoas que convivem com a sua bipolaridade. No entanto, não tenho a intenção de rotular e sim de levantar algumas questões que surgem em muitos que possuem o Transtorno Bipolar. Além disso, a dificuldade de expor seus sentimentos e expressá-los de um modo que não atinja negativamente o outro ou a si mesmo é frequentemente presente na vida desse quadro diagnóstico. Na verdade, é presente na vida de inúmeros indivíduos, não somente de quem possui esse transtorno.
A série é um show de imagens das apresentações de patinação no gelo e do lugar em que ela foi gravada! Durante toda a 1º temporada, a série também retrata as dificuldades pessoais, segredos e pensamentos sombrios dos outros personagens a fim de apresentar para o público que todos nós temos nossos dramas, traumas e limitações pessoais. Cada um de nós luta diariamente com o propósito de sermos bons seres humanos e conseguirmos estarmos bem conosco e com a sociedade que estamos inseridos. Cada um de nós procuramos diariamente pertencer a um lugar. E, cada um trilha os caminhos que considera ser os melhores ou simplesmente os caminhos que consegue trilhar.
Raquel Tezelli é psicóloga (CRP 01/13601), especialista clínica e palestrante. Idealizadora da página no Facebook VAMOS FALAR SOBRE ADOLESCÊNCIA? e se encontra no Instagram como @raquell.tezelli
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