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Melendez e Preston: a decisão de ter filhos ou não

por Giovanna de Boni Fraga, CRP 07/29470


Neil Melendez é um cirurgião assistente que supervisiona os residentes cirúrgicos do Hospital San Jose St. Bonaventure na série The good doctor. Ele é inteligente, focado, organizado. Melendez trata os assuntos de trabalho e negócios com total respeito, praticidade e qualidade. Ele espera a perfeição de si e de seus residentes. E gosta de fazer comentários sarcásticos vez ou outra. Apesar de ser severo, ele costuma apoiar seus pacientes e os residentes – esses últimos quando fazem um bom trabalho. E Jessica Preston é advogada e vice-presidente de gerenciamento de riscos do hospital. Ela é uma mulher que leva o trabalho muito a sério, e tenta provar que é mais do que apenas a neta do fundador do hospital. Jessica também é próxima do Dr. Aaron Glassman, presidente do hospital. Jessica é uma mulher determinada, firme e decidida.


Na primeira temporada, Neil Melendez era noivo de Jéssica Preston. Eles se separaram, pois ele queria ter filhos e ela não. Apesar dessa divergência, os dois eram bastante companheiros, apoiavam as decisões um do outro, contudo, cada um tinha uma opinião quanto ao fato de terem filhos ou não. É comum vermos a mulher querendo filhos, e o homem não. Jéssica adorava o que fazia. O trabalho era uma maneira dela enxergar a mulher forte que era. Ter filhos para ela era como abdicar tudo o que havia conquistado até então. Neil compreendia e apoiava Jessica no trabalho, porém o desejo de ser pai era forte para ele. Por essa razão Jessica não quis continuar o relacionamento, pois achava que como os dois queriam coisas diferentes, seria melhor que seguissem caminhos separados.


A cada ano que passa, vemos as mulheres entrando cada mais no mercado de trabalho, ganhando reconhecimento, e tendo menos vontade de ter filhos. Independente do porquê, toda a mulher tem direito de decidir se quer ou não ter filhos e/ou trabalhar para ser reconhecida pela sociedade. O fato que chama atenção na série, é de Neil Melendez querer filho, ou seja, o homem querer um filho para cuidar, dar atenção. Existem homens que querem filhos, mas não é o que estamos acostumados. Outro fato era de que Melendez não se importava de que fosse uma criança adotada, apenas queria um filho para chamar de seu. Jessica ainda assim escolheu a separação dos dois, pois as coisas pelas que havia conquistado eram bastante importantes para ela como mulher.


A importância da mãe na criação dos filhos é notável, contudo, muitas vezes nos esquecemos do papel da figura paterna. O pai tem uma relevância na educação, no desenvolvimento e na saúde dos filhos, tanto física quanto emocional. As mães começam o vínculo com os filhos desde a gestação, e se prolongam com o nascimento e crescimento da criança. Para muitos pais, no entanto, não é um processo natural. Eles são mais distantes, e nem sempre participam das questões sentimentais da criança. Por isso, é importante que desde o início o pai esteja presente e vinculado ao filho, para que possam ter um relacionamento saudável. O ambiente familiar é positivo quando há apoio incondicional tanto da mãe quanto do pai.


Na série podemos perceber que tanto Jessica quanto Neil tinham condições de serem excelentes pais. Mas não podemos ignorar o fato de que o casal precisa decidir junto ter filhos, porque podem mudar toda a dinâmica familiar. Em um momento vocês são dois, e quando vê são três, quatro ou mais. Ter filhos tem de ser uma decisão em conjunto, para não sobrecarregar nem a mãe, nem o pai. Os dois tem de cuidar da criança, dar apoio, educar. Devem os dois terem responsabilidade, disponibilidade e afetividade. Por isso, ter um filho não é tarefa fácil, e muitas vezes vemos casais se afastando, pois não conseguem apoiar ao filho e nem um ao outro. Ter uma criança é preciso além de apoiá-la, ajudar ao parceiro, ou seja, os dois se ajudam para que a criança possa ter um desenvolvimento saudável.


Neil Melendez e Jessica Preston, apesar de formarem um ótimo casal, tinham opiniões diferentes que poderiam ser modificadas com o tempo, pois estamos em constante mudança a cada instante. Mas eles decidiram ir por caminhos opostos. E na minha visão, foi a melhor escolha para os dois, porque ter um filho é uma responsabilidade que não cabe a um só cuidar e educar, é preciso que os dois façam um esforço para ajudá-lo a se desenvolver. Por isso, vemos tantas mães e pais solos – que decidem por criar a criança sozinha – tendo o suporte de amigos e familiares.


Giovanna de Boni Fraga, é Psicóloga formada pela PUCRS, CRP 07/29470, e escritora. Tem experiência em atendimento a crianças e adolescentes, grupos terapêuticos, orientação vocacional e escrita criativa.

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