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Angústia, sentido de vida e possibilidades na série Fleabag.

por Jaqueline Aparecida Morais – CRP 04/71105

Durante a jornada de Fleabag, é possível identificar alguns pontos que são importantes para a construção de toda história da personagem, onde mostra as experiencias viveda a partir de seu ponto de vista e a forma que ela busca entender suas emoções mal elaboradas. Fleabag, é uma série da amazon prime, que mostra uma mulher adulta lidando com problemas de relacionamento, frustração sexual e profissional e conflitos familiares, enquanto tenta passar por uma elaboração de luto, retrata uma mulher moderna vivendo em Londres, enquanto tenta buscar o seu próprio sentido, na sua subjetividade egóica, enquanto não se permite aproximação de terceiros para apoio, tentando transparecer uma visão intimidante e intacta diante os outros.

A angústia da personagem, é um dos pontos existenciais perceptíveis em seu trajeto. Mas o que é angústia para a psicologia existencial? A angústia é a possibilidade de escolher sem saber o que vem a seguir, é se colocar a disponibilidade de qualquer consequência, para essa filosofia, não existe bom ou ruim, existe a possibilidade de ser quem se é, entendendo esse lugar e sendo jogado de volta para si mesmo, passando por um período de indecisão e desconforto emocional.

Quando pensamos em Fleabag, podemos identificar sinais e sintomas mal exploratório dignos de um diagnóstico psicopatológico, mas diferente de outras séries, a comédia se impõe em cima da subjetividade da protagonista tirando do telespectador esse olhar patologizante e trazendo uma perspectiva diferente, levando a protagonista a buscar um sentido para vida, sendo quem ela é e movida pelas escolhas que ela faz, isso mostra como vivemos e existimos sem essências pré determinantes dentro nossa existência.

Em uma sessão de aconselhamento psicológico ao ser provocada pela terapeuta sobre suas relações com outras pessoas, a personagem retorna a um ponto onde suas emoções e vivências a afetam de uma maneira muito intensa, assim como fala sobre utilizar de relações casuais e impulsividade para suprir seu “vazio existencial” sendo uma forma de lidar com a falta de habilidade afetiva ou a falta de vínculo emocional, sendo a causa de um sofrimento psíquico para a personagem. Parte dessa “falta” e na busca desse preencher, aparece uma figura de apego, sendo o porquinho da índia que é deixado por sua melhor amiga, que faleceu em uma tentativa de autoextermínio, onde a protagonista se enxerga como parte da causa como consequência das escolhas que fez anteriormente, o que só é descoberto nos episódios finais da primeira temporada.

Entretanto, a protagonista, após explorar em sua sessão de aconselhamento e falar em voz alta seus desejos do presente, ela se permite vivenciar experiencias e emoções diferentes ao entender que ela tem liberdade para escolher, uma vez que, se permite apaixonar pelo “hot pirest” (o padre), mesmo sendo um amor proibido, onde ele escolhe o celibatário, esses sentimentos surgem a partido do momento que ela consegue elaborar sobre a morte de Boo e desde esse luto, ela se permite explorar os caminhos desse vínculo emocional com alguém.

Esse vínculo apresenta como as escolhas são feitas e como isso retorna para nós em forma de consequência e responsabilidade, onde é permitido olhar para dentro dessas raízes existenciais e como iremos acolher para partir em busca do que faça sentido para si.

Para tanto, se permitir ter experiências novas na sua vida a partir dessas escolhas, é dar a possibilidade de existir uma consequência da qual você se torna responsável, isto é, ao escolher você está exposto a coisas boas e coisas ruins na mesma porcentagem, sem obter uma resposta concreta até que a situação seja real e saia desse imaginário, assim, existindo apenas o movimento de elaborar uma maneira de lidar a situação futura.

Assim, no final da história, depois de ter se apaixonado, percebido que novos sentimentos e entendido sobre algumas prioridades em sua vida, a protagonista não fica com o potencial par romântico, porque para ele o sentido da existência era o celibatário e ela ainda estava no processo de descoberta do seu próprio sentido. Então a série se encerra com ela partindo após ele falar que o amor que ela sente por ele vai passar, o que deixa aberto a possível interpretação de que ele a percebe, mas que ela precisa olhar para si e elaborar suas próprias demandas em busca de encontrar o que faz sentido para si própria.

Para finalizar nossa reflexão, associando se a nossa própria existência, cada pessoa está em busca de seu próprio sentida da vida, do que a provoca, do que a instiga a escolher, a ser livre, se perceber no mundo, ser quem se é. A série gera um desconforto para quem está assistindo, colocando nitidamente o que é existir na cara do telespectador, com angústia, medos, dor e conflitos internos e externos. Com a identificação em algum ponto do texto, é importante que se faça sentido para você, procure por um psicólogo, para juntos percorrerem o processo de seu próprio sentido.

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