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MAID

Por Shirley Cardoso - CRP 06/30147


Minissérie da Netflix, lançada em outubro, apresentando um tema atualíssimo nos tempos de hoje, especialmente no Brasil, em um momento em que se vive um aumento de abusos e violência física e psicológica contra as mulheres, em função da pandemia de Covid19, onde os casais têm passado mais tempo sobre o mesmo teto, onde vivem e trabalham em home office. A autora Molly Smith Metzle, baseada no livro de mesmo nome de Stephanie, nos traz a história de uma jovem mãe e sua filha após a decisão de abandonar/fugir da relação conturbada, onde se sentia a maior parte do tempo sufocada e pressionada pelo marido violento, que a intimidava com uma pressão psicológica, de um abuso que a fazia temê-lo e sentir-se sem saída, a não ser esperar pelo pior.


Papel vivido por Margaret Qualley como Alex, uma jovem, mãe de uma criança de dois anos, Maddy, que vive com o marido Sean, vivido por Nick Robinson, pai da menina. Trata-se de uma relação conturbada, com momentos de demonstração de amor, cuidado e preocupação por parte dele, oscilando com o de explosões de violência verbal e física. Através da sua força bruta, ele quebra coisas e móveis da casa como forma de ameaça. Num desses momentos, Alex se dá conta da fragilidade da filha e da necessidade de protegê-la e resolve então deixar esta relação.

O problema é que ao tomar essa decisão ela toma noção de que está absolutamente sozinha, pois não pode contar com sua mãe, avó de Maddy, que também é uma irresponsável e nem com o ex que é totalmente descontrolado.

Começa assim sua saga, de busca de emprego, abrigo e superação de todas as dificuldades das quais ela terá que enfrentar, movida exclusivamente pelo amor e instinto de proteção que tem para com a filha. Pois só naquele momento se deu conta da relação violenta e abusiva que vivia, pois tinha esperança de que “amanhã” ele fosse mudar.

Trata-se de uma série angustiante e ao mesmo tempo mobilizadora de sentimentos e percepção do quanto temos que nos apropriar de nossa capacidade de enxergar a situação real, quando por várias vezes, nos vemos no lugar da personagem e nos damos conta do quanto nos aproximamos dela. Bem como do quanto a nossa capacidade de amar e proteger nossos filhos pode nos mover a tomar decisões apesar do medo de deixarmos para trás algo que no fundo não nos pertence. E que mais podemos conquistar às nossas custas, pelo nosso trabalho e suor. E que, portanto, está em nossas mãos decidir, mesmo ciente de que não será fácil romper esse ciclo de violência que nos leva a ficarmos aprisionados pelo medo e insegurança, por acreditarmos que não temos saída.

É uma série que nos faz refletir sobre a violência física e psicológica dirigida contra a mulher, que ainda ocorre em muitos de nossos lares. Mostrando-nos que apesar das dificuldades a serem enfrentadas com uma separação, ainda assim nos é digno não querermos nos submetermos à violência. Pois como diz o sábio ensinamento: "Amai-vos uns aos outros, como a ti mesmo e não mais do que a ti mesmo. Um amor para ti, assim como amas ao teu filho, e pelo qual enfrentas o mundo.

Lembrando da força interna que esteve sempre dentro de si mesmo, e que apesar das dificuldades cabe a você sair dessa relação. Pois, ninguém muda ninguém, a mudança tem que vir de dentro.


Shirley da Silva Cardoso, Psicóloga Clínica e Hospitalar, Psicopedagoga e Psicossomaticista, atuando na área há 33 anos, Escritora. Terapeuta Comportamental Cognitivista, atende à crianças, adolescentes e adultos. Diretora da Empresa AscendPsi Consultoria em Relações Humanas. Dona de Casa e Mãe...


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