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13 razões para falarmos sobre isso

Por Aline Ribeiro Cestaroli - CRP: 06/107500


Muito se comentou sobre a série do Netflix - 13 Reasons Why, que estreou em março de 2017 e que aborda questões polêmicas como bullying, machismo, LGBTfobia, abuso sexual e o suicídio de uma adolescente.


Após ler diversos artigos sobre o assunto, alguns prós, outros contra, resolvi escrever aqui sobre os pontos que, ao meu ver, são retratados na primeira temporada.


É fato que a série aborda assuntos que, infelizmente, fazem parte da vida em sociedade, principalmente nesta fase tão difícil que é a adolescência, mas, o que me chamou a atenção não foram os assuntos abordados diretamente, mas sim os que estão por trás do comportamento do bullying, do preconceito, do suicídio e por isso, neste texto, quero chamar a atenção de vocês para outros treze temas que estão nas entrelinhas…


1) Vínculos: Já dizia a velha frase “Nenhum homem é uma ilha”. Estabelecer vínculos saudáveis é fundamental para o pleno desenvolvimento humano. Somos seres relacionais, não nascemos para viver sozinhos. A importância que o vínculo estabelece na nossa vida, desde o início, evidencia o quanto este será fundamental e determinante ao longo dela. Podemos ter uma vida saudável e equilibrada ou adoecedora, depende de como lidamos com os vínculos que nos circundam. A ausência de vínculos gera o segundo ponto desta reflexão;


2) Solidão: É muito subjetiva e pode ser sentida em diferentes graus. Não se refere a estar sozinho ou cercado de pessoas, mas como cada um se sente perante os vínculos que se estabelece ao longo da vida. Um estudo australiano revelou que a solidão pode prejudicar a saúde mental e pessoas solitárias têm mais chances de desenvolver ansiedade social, depressão e paranóia.


3) Confiança: Confiar é uma forma de simplificar as relações. Confiar é acreditar na ação do outro e deixá-lo livre para ser e fazer o que quiser. Tal confiança pode ser reforçada ou debilitada, depende da ação do outro. Ter a confiança traída ou não sentir que pode confiar nas pessoas à sua volta, leva ao próximo tópico;


4) Pertencimento: é uma necessidade inerente ao ser humano. Maslow, psicólogo americano, acredita que as pessoas são seres sociais e têm necessidade de pertencer a um grupo, amar aos outros e serem amadas.


5) Vulnerabilidade: É incerteza, risco e exposição emocional. Tem a ver com compartilhar nossos sentimentos e nossas experiências com pessoas que conquistaram o direito de conhecê-los.


6) Autoestima: É a opinião acerca de si, seu autoconceito, unido ao amor próprio e a autovalorização, juntamente com todos os demais comportamentos e pensamentos que demonstram confiança, segurança e valor que o indivíduo dá a si mesmo, nas relações e interações com outras pessoas e com o mundo, ou seja, é um conjunto de sentimentos, pensamentos e comportamentos que a pessoa tem relacionado a ela mesma. A autoestima pode ser baixa ou elevada, dependendo das relações estabelecidas ao longo da vida.


7) Autoconhecimento: Extremamente importante, a percepção de si mesmo é fundamental para guiar nossas decisões, planejar, organizar e realizar nossos objetivos, metas e sonhos, desenvolver nossas competências e habilidades e administrar nossas ações assertivamente. Muitas vezes, por não termos este autoconhecimento, nos vemos perdidos diante de diversas situações em nosso trabalho, em família, nos relacionamentos interpessoais, nos tornamos inseguros e dependentes dos conselhos e intervenções de outras pessoas.


8) Viver o momento presente: Passado, presente e futuro são percepções do tempo. Viver no passado faz com que a pessoa fique presa às experiências vividas, revivendo situações que, na maioria das vezes, são dolorosas e quando são projetadas para o futuro, perde-se a perspectiva da vida. Excesso de passado ou de futuro nos tira do momento presente e nos paralisa. O passado te trouxe até aqui, mas é o que você faz no momento presente que te levará para o futuro.


9) Resiliência: Capacidade de lidar com os problemas da vida e superar as situações difíceis. Eu diria que é uma habilidade fundamental que todas as pessoas precisam desenvolver. É a aptidão de transformar situações negativas em positivas.


10) Expressar sentimentos: Comumente as pessoas deixam de falar o que estão sentindo ou pensando e ficam à espera de que o outro adivinhe o que está se passando e as ajude sem precisar pedir ou, então, simplesmente não dizem nada porque acreditam que não fará diferença, que o seu caso não tem solução. Quando não expressamos o que sentimos ou pensamos, perdemos a oportunidade da possibilidade de mudança.


11) Empatia: Capacidade de se colocar no lugar do outro para sentir e compreender como o outro sente e percebe a situação. A empatia é um antídoto para o individualismo, o julgamento, o preconceito. Ser empático é fundamental para se ter um bom relacionamento interpessoal e aumentar a nossa capacidade de percepção de mundo, é reconhecer a humanidade do outro, aceitar sua individualidade e honrar a sua história.


12) Rótulos: São para produtos, não para pessoas. Quantos rótulos carregamos conosco ao longo da vida e, muitas vezes, nem sabemos o motivo? Quantas vezes uma pequena situação deixa uma marca, um estigma que nos acompanha pela eternidade? Rotular alguém é predetermina-lo a algo inferior e considerar que aquela característica observada, muitas vezes de forma inadequada, possa determinar a personalidade da pessoa.


13) Sentido da vida: A vida é como uma tela em branco e todos os dias temos a oportunidade de pintar uma pequena parte da nossa grande obra de arte. Acontece que muitas vezes as pessoas não têm clareza de qual pintura querem fazer e vão apenas fazendo pequenos traços e misturando as cores, até que chega um dia em que olham para esta tela e não conseguem visualizar nenhuma imagem além de um grande borrão.


Tem pessoas que olham para a tela que pintaram, não gostam da imagem que estão vendo, mas acreditam que não podem consertar e por isso decidem encerrar sua obra e por um fim em tudo.


Ausência de vínculos saudáveis, sentimento de solidão, não ter em quem confiar, não se sentir pertencente a nenhum sistema, não enfrentar a vulnerabilidade, baixa autoestima, falta de autoconhecimento, não viver o momento presente, não ser resiliente, não conseguir expressar os sentimentos, falta de empatia, ser rotulado e perder o sentido da vida, tudo isso gera comportamentos autodestrutivos ou depreciativos, como os abordados no decorrer dos capítulos da série, por isso, precisamos SIM falar sobre isso.


Aline Cestaroli é Psicóloga, Coach, Educadora de Pais e Professores certificada pela Positive Discipline Association (PDA/USA) e Consultora em Encorajamento. Trabalha com atendimento infantil e orientação parental. Realiza palestras e workshop de sensibilização sobre a educação das crianças. É coautora e coordenadora do livro “Conectando Pais e Filhos” e idealizadora do projeto “Encorajando Pais”.



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