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THEM: Quando o terror está no real

por psicóloga Tatiana Spalding Perez - CRP 07/26032


A série mais perturbadora de todos os tempos. "Them" tem na base de sua proposta ser uma série de "terror com comentário social", porém o verdadeiro horror da série está justamente em seu contexto histórico.


Em 1953, após passar por uma situação traumática (e bota traumática nisso), a família Emory se muda da Carolina do Norte para Los Angeles, Califórnia, literalmente atravessando o país para escapar da segregação racial e da discriminação predominantes nos estados onde as leis de Jim Crow (que impunham a segregação racial) ainda vigoravam. Cansados de fugir da realidade social, a família compra uma casa em um bairro branco (e por bairro branco entenda: local habitado somente por famílias brancas e em que até então era proibido por lei vender um imóvel a uma pessoa negra) e sonha em recomeçar sua vida, sabendo que precisará lutar para defender seu espaço.


Ao longo da série acompanhamos as lutas internas e externas, sobrenaturais e reais, de Henry, Lucky, Ruby e Gracie. E frente a tudo que a família precisa enfrentar, conhecemos personagens sobrenaturais que externalizam os medos de cada um e ilustram os conflitos internos gerados pelo racismo sofrido. É impossível assistir "Them" sem sentir o desconforto por saber que as situações sociais aterrorizantes vividas pelas protagonistas foram (e infelizmente ainda são) vividas na realidade por muitas pessoas.


"Them" toca também numa dor urgente que precisamos atentar no século XXI: a saúde mental da população negra. Se para brancos, alucinações e manifestações sobrenaturais são aspectos aterrorizantes disseminados em filmes de horror, para negros situações sociais já enfrentadas por outros negros na história (e que ainda acontecem no tempo presente) são o verdadeiro terror. A série vem para nos mostrar que não basta se colocar como não racista. É preciso ser anti-racista. É preciso lutar lado a lado para uma mudança real da sociedade e o reconhecimento da dívida histórica existente.


Para que possamos entender melhor deixo abaixo a crítica do YouTuber Alê Garcia cujo canal busca evidenciar a cultura negra:



Tatiana Spalding Perez é psicóloga, CRP 07/26032 com Especialização em Terapia Sistêmico-Cognitivo de Famílias e Casais. Idealizadora do projeto Ser Terapeuta de Casal, leva conhecimento teórico e prático a psicólogas que tem interesse em atender casais.

Acompanhe seu trabalho em: https://tatianaperez.com.br

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