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Once Upon a Time: a Psicologia explica

Atualizado: 30 de set. de 2018

por Maria Isabel Magalhães Grieco, CRP 01/12851


“O nome dela é Regina, pois um dia ela será rainha”. Essas palavras foram ditas por Cora, que, após ser humilhada pela realeza, tornou-se uma mulher obcecada pelo objetivo de que sua filha Regina fizesse parte desse mundo que a maltratou tanto.


Esse é o começo da estória que é contada na série de televisão americana chamada Once Upon a Time (Era uma vez), que relata a trajetória de vários personagens que conhecemos de histórias infantis, como Branca de Neve, sua madrasta malvada e outros.


Esse texto tem como propósito mostrar que a Psicologia, como ciência, oferece uma possível explicação para o comportamento de alguns personagens dessa série.


No começo da série, é mostrado que a personagem Cora resolve controlar sua filha, para que ela sempre lhe obedeça. Com frequência Regina escuta de sua mãe que ela é uma incompetente pelo fato de ainda não ter se casado com um rei. Regina tenta se afastar dela, quer ser livre, mas Cora usa magia para aterrorizar a filha, que, com medo, promete se comportar.


Para Heinz Kohut, criador da psicologia do self, Cora apresenta uma personalidade narcisista, ou seja, ela enxerga sua filha como uma extensão dela mesma. Por esse motivo, Cora somente se preocupa em satisfazer suas necessidades usando Regina. Não interessa o que Regina quer e sim o que Cora quer. Cora só consegue mandar em sua filha e demonstra raiva quando Regina não obedece.


Kohut também nos ensina que a filha olha para sua mãe com admiração e respeito, buscando que essa mãe aprove ou não seu comportamento. Porém, Regina só percebe um olhar crítico de sua mãe, o que prejudica o desenvolvimento de sua autoestima. Regina se sente possuída por Cora e não amada. Além disso, como sua mãe sempre diz como ela deve pensar e se comportar, Regina nunca aprende a tomar suas próprias decisões.


Regina, então, se torna uma mulher adulta que não se sente digna de receber amor, não tem esperança, não sabe lidar com as decepções e que aprendeu com sua mãe que o poder e o controle são formas eficazes de satisfazer suas necessidades.


Continuando com a estória, após Regina salvar Branca de Neve de um acidente, seu pai, o rei, muito grato, pede sua mão em casamento e, antes que Regina possa responder, Cora diz que sim. Porém, Regina namora em segredo um rapaz humilde. Cora descobre o romance e mata o rapaz. Regina se desespera dizendo que Cora matou sua chance de ser feliz, mas Cora afirma que a verdadeira felicidade vem do poder que ela terá quando for rainha.


Após ser traída por Branca de Neve, que revelou o romance a Cora, Regina se casa com o rei e se torna a madrasta malvada, determinada a evitar que Branca de Neve seja feliz. Regina não sabe perdoar Branca de Neve e com sua mãe aprendeu que a forma de lidar com o conflito interno é exercendo o poder sobre os outros.


De acordo com o psicólogo Aaron Karmin, a personagem Regina, que nunca aprendeu a lidar com seus problemas de forma saudável e com maturidade, precisando lidar com a traição e a perda de seu amado, regressa a um forma infantil de pensar. No fundo ela sente raiva de si mesma por não ter salvado seu namorado, mas tenta aliviar essa dor através da vingança.


Então, depois de ver Branca de Neve se casar com o Príncipe Encantado, Regina lança uma maldição sombria que transporta todos os personagens, que moram na floresta encantada, para uma cidade chamada Storybrooke, onde ninguém será feliz. Regina então se torna prefeita nesse novo lugar e, assim como sua mãe, governa usando o medo como um mecanismo de controle.


Esse texto relatou o começo da longa trajetória dessa personagem complexa chamada Regina. De acordo com os escritores de Once Upon a Time, essa série é sobre a esperança. Será que existe esperança para Regina? Só assistindo o resto da série para descobrir!!!


Bibliografia:

H. Kohut (1971), The Analysis of the Self. New York: International Universities

Karmin, A. (2013). Why do We Seek Revenge?. Psych Central.


Maria Isabel Magalhães Grieco é psicóloga clínica, CRP 01/12851. Tem Mestrado e Doutorado em psicologia clínica. No momento atende adultos utilizando a psicoterapia individual em Brasília, DF.

Entre em contato:

isabelgriecopsi@gmail.com

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