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MAID | A RESPONSABILIDADE COLETIVA PELA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

por Rodolfo Sampaio - CRP 06/111804


Se você gosta de séries e acompanha as grandes produções que são lançadas anualmente, provavelmente já conferiu, ou ao menos ouviu falar, de Maid. Essa produção original da Netflix foi lançada em 2021 e, quase um ano depois, ainda merece nossa atenção, tanto pela ótima produção, como pelos temas extremamente atuais que ela aborda.

Não pretendo dar muitos spoilers por aqui - ou pelo menos nenhum que vá atrapalhar quem ainda não viu a minissérie, mas preciso dizer que Maid conta a história de Alex, uma mulher e mãe sem rede de apoio, que luta como pode para sobreviver e minimizar as sequelas de uma relação abusiva.

A história é baseada em fatos reais (vivida e escrita por Stephanie Land), porém, ainda se fosse puramente ficção, teríamos facilidade para relacionar o enredo a milhares de mulheres que vivem e viveram violências parecidas.

Durante os dez episódios, Alex é atravessada pelos mais diversos tipos de violência. De forma ininterrupta suas vulnerabilidades são expostas a cada cena, a cada episódio, e se manter confiante de que tudo vai acabar bem (igual a tantas outras tramas) parece cada vez mais difícil.

Maid não é conto de fadas, é vida real! É aquele tipo de história que acontece todos os dias, em diversas casas, em diferentes países e nas mais diversas culturas. Talvez esse seja um excelente ponto que a série nos permite olhar, o porquê ainda há tanta violência contra as mulheres da nossa sociedade.

Mesmo com estudos apontando o crescimento dessa violência, parece que ainda estamos engatinhando quando o assunto é prevenção. Talvez nossa sociedade precise entender que as violências cometidas contra as mulheres são construções sociais e não mero acaso.

Imaginar que a violência de Sean (ex namorado de Alex) contra a parceira é um acontecimento isolado faz com que continuemos deixando a responsabilidade desse grave problema nas costas de poucos. De diversas formas, Maid deixa claro como Alex enfrenta muitos problemas para se afastar das violências sofridas, já que não possui suporte familiar, quase nenhum recurso financeiro, pouco apoio governamental, além da necessidade de cuidar da própria filha (Maddy, de 2 anos).

Tanto Maid, quanto esse texto que escrevo, não devem ser encarados como conteúdos que encerram a discussão sobre a violência contra as mulheres. Na verdade, toda reflexão sobre o tema deve servir como degrau para que, como sociedade, possamos continuar deixando “apenas” na história as marcas brutais do sofrimento feminino.

Torço muito para que cada vez mais, uma discussão potente chegue a essas tantas mulheres que direta ou indiretamente foram violentadas e agredidas física, psicológica e moralmente.

Maid fala sobre violência, mas também sobre machismo, desigualdade e sobre a estrutura social que transforma as mulheres em objetos, com pouco ou nenhum valor. Maid fala sobre feminismo, feminicídio, padrões sociais, transtornos mentais, dependência química e muito mais. Maid fala sobre problemas reais, problema que vivemos no mundo não ficcional.

Se você já assistiu a série, não esqueça de comentar aqui, como a história da Alex te afetou por aí. Caso ainda não tenha conferido a minissérie, te peço que dê uma chance a Maid, dê uma chance não apenas para a produção, mas às discussões que ela provoca.



Rodolfo Sampaio é psicólogo com experiência em Saúde Mental, trabalha com atendimento clínico, palestras e grupos terapêuticos. Coautor do livro: "O poder da autoestima" e idealizador do projeto "Mais Psicólogos" Email: rodolfosampaiopsicologo@gmail.com

Instagram: psirodolfosampaio

Twitter: rodspsicologo Youtube: Mais Psicólogos





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