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“Coisa mais linda” é viver sua própria história

por Karina de Oliveira, CRP 07/29458


“Sabe o que eu acho?” Que a “Coisa mais linda” é quando a gente vive a vida que escolheu para si, quando corremos atrás dos nossos sonhos, quando a gente é quem de verdade quer ser, quando se faz o que de fato nos traz a felicidade. É justamente isso que retrata a série de televisão brasileira “Coisa mais linda”, lançada em março/2019. Entre tantas questões importantes de serem abordadas como a nossa história cultural, o racismo, o machismo e as configurações e imposições da sociedade em que vivemos, defino a mensagem mais linda da série dizendo que a gente tem o direito de ser e fazer o que de verdade se quer, mesmo que para isso seja necessário lutar e superar as várias adversidades que encontraremos no caminho rumo a ser nós mesmos.


A série “Coisa mais linda” traz as histórias de diferentes personagens interessantes, mas hoje vou falar da querida e sonhadora, Maria Luíza, uma jovem mulher que em 1959 viaja de São Paulo, onde mora com os pais, para encontrar o marido no Rio de Janeiro com o intuito de inaugurar o restaurante que planejavam. Chegando no Rio, Maria Luíza se depara com uma realidade totalmente diferente. O marido havia fugido com seu dinheiro e com outra mulher. Diante da situação, Maria Luíza, ou melhor dizendo, Malu, decide abrir um clube de música, fazer o que sempre quis fazer, viver de música. Agora pense, uma mulher, sozinha, mãe solteira, com o objetivo de ser dona do seu próprio negócio, negócio esse um clube de música, com a ajuda de outra mulher que é negra, e tudo isso em 1959. Se hoje, com muita luta, ainda vivemos os “respingos” de uma sociedade que impõe regras sociais machistas, racistas e intolerantes, que define o que se é “certo” ou “errado” com bases arcaicas e preconceituosas, que classifica o que uma pessoa pode ou não fazer considerando gênero, raça e estereótipos, por exemplo, imagine em 1959.


Na busca de realizar seu sonho, Malu faz uma das coisas mais incríveis da série, que é mostrar para a gente que é possível ser livre e não apenas viver aprisionado em uma vida que foi definida pelos outros, não por si mesmo. Isso desperta uma sensação de liberdade indescritível. Malu mostra, em suas próprias palavras que “não tem como dar errado quando a gente faz o que acredita”.


Então chegamos em um ponto importante. Ok, entendemos que é possível tudo isso, mas como fazer? Como resistir firme para defender nossos sonhos? Eu digo que é com muita luta, determinação, coragem e valentia. Precisamos, como diz maravilhosamente Malu, “sempre ouvir as vozes loucas que vivem dentro de nossas cabeças”. Acreditar em nossos ideais e sonhos. E isso é fácil? Não é não, mas temos duas opções: viver infeliz em uma vida que não se quer para si ou, correr atrás, mesmo com todas as dificuldades, em busca de viver a vida que se quer viver. Então mais uma vez Malu demostra isso a partir de sua história, pois antes de enfim poder viver da música, ela encontra inúmeros obstáculos. Seu pai não aprova sua decisão, inclusive tentou tirar a guarda de seu filho; possíveis parceiros de negócios não dão credibilidade a ela; as portas se fechavam; cinco dias antes da inauguração do clube, a chuva destrói o espaço; na inauguração do clube recebe comentários negativos de crítico; Maria Luíza muitas vezes não é levada a sério. Apesar de tudo isso, Malu então, vive da música.


Confesso que pode parecer muito difícil seguir seus próprios ideais, que se pode entrar em situações complicadas ou desagradáveis quando se escolhe esse caminho, porém, mais uma vez fazendo uso das palavras de Malu, nesse caminho pelo menos, estaremos “inventando o nosso próprio inferno, e não o inferno dos outros”.


Karina de Oliveira é psicóloga online, CRP 07/29458. Realiza atendimentos psicológicos, palestras e workshops online. Seu trabalho é embasado na terapia cognitivo-comportamental. Acompanhe seu trabalho em: Facebook: https://www.facebook.com/interagindocomomundokarinadeoliveira/ Instagram: https://www.instagram.com/interagindocomomundo/

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