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AVATAR: A LENDA DE AANG

Atualizado: 28 de ago. de 2020

por Ramom Saraiva Flores - CRP: 07/30227


Esta série animada é bem famosa pelas aventuras do Time Avatar, personagens queridos, manipulação (dobras) de elementos da natureza e pelo humor dentro de temas tão importantes. Mas o que deixa essa série tão especial?


Durante todas as temporadas nos deparamos com a Nação do Fogo e toda sua história pela busca de poder. Com a contribuição do Psicólogo Alfred Adler, conseguimos entender um pouco mais sobre essa busca que o antigo Senhor do Fogo Sozin planejava, revelando assim, a sua personalidade e seu incrível complexo de inferioridade diante de outras nações. Mesmo quando o Avatar Roku, seu melhor amigo estava precisando de ajuda, após certo tempo de sufoco, Sozin novamente colocou seus ideais e seus objetivos em frente, dessa forma, deixando seu melhor amigo falecer.


Como sua necessidade de poder estava insaciada e talvez um sentimento de inferioridade ao perceber que a pessoa que considerava um irmão, era o ser mais poderoso e importante dentre os dois mundos (material e espiritual), o futuro Senhor do Fogo evidencia seu caráter. Dessa forma, não se importando com as vidas, ideais e liberdade de nenhum ser vivo, pois sua ambição pessoal mascarada como uma ambição da nação, prevalece.


Como todo ciclo Avatar, quando o atual morre, ele imediatamente reencarna em alguém cuja nação seria a sucessora. Desta vez, era o momento de um dominador de ar, e como Sozin sabia disso, mandou exterminá-los para não interromper o seu plano. A Nação do Ar fora extinta e quase todos os dominadores de Terra e Água aprisionados ao longo dos anos.

Assim como os outros Avatares, Aang também possuía sua responsabilidade do papel de Avatar. Porém, como ainda era uma criança quando foi nomeado como próximo Avatar, quis fugir do seu destino e acabou ficando congelado por 100 anos, o que mais tarde tornou-se a sua salvação. Esta fuga da responsabilidade pode ser associada com o Complexo de Jonas, onde o indivíduo procura escapar de seus compromissos, portanto, lutando contra a maré. Que foi o caso do personagem, quando este, parte para a rota oposta que deveria ir.


Aang tinha recém 12 anos, fase da latência, onde estava passando pela transição mais infantil, para uma com comportamentos e atividades de mais peso e importância. Visto que as crianças da sua idade estavam treinando suas dominações e obtendo espaço para a diversão, a chegada de uma responsabilidade grande fez com que entrasse em confusão sobre o que ele gostaria de fazer, pois gostaria de se juntar aos seus amigos nas brincadeiras. O personagem não teve tempo para amadurecer a ideia, de passar por reflexões e gradualmente lidando com seus novos afazeres. No entanto, apesar da sua idade, Aang precisava passar pelos treinamentos de outras dominações elementais para continuar sua jornada agora como Avatar Aang.


Normalmente o título de Avatar é recebido pelos sábios entre os 14 e 16 anos, onde estão na fase genital. Quando o senso de responsabilidade já está mais amadurecido e começam seus interesses amorosos, descobrir o corpo e experimentar o diferente.

Mesmo não sendo um Avatar, um personagem que com certeza teria resiliência e maturidade para fazer o papel de alguém que traz o equilíbrio e a paz, é o nosso amado Tio Iroh. Este que por uma época agia de acordo com os princípios e ideias herdadas do seu parente Sozin, até que seu filho faleceu durante uma luta. Seu trauma foi tão grande que Iroh voltou toda sua atenção para si mesmo, refletindo sobre a vida, morte e o propósito de cada elemento material e espiritual que existia no mundo. Por meio dessa perda, Iroh se tornou um dos personagens mais sábios de toda série (se não o mais sábio).


Mais tarde, Iroh que via a mesma cegueira pela honra que possuía em seu sobrinho Zuko, que nunca havia parado para pensar e seguir seus próprios objetivos, pois estava apenas continuando a sua hereditariedade de se tornar um Lorde sombrio e poderoso. Como tio, este usava seu ajustamento criativo (adaptações criativas) para mostrar e ensinar o seu sobrinho que mesmo nas piores situações, haviam lados bons e leves para serem seguidos, tornando-se uma referência, um pai que Ozai (pai de Zuko) nunca foi. O que foi fundamental para o desenvolvimento de Zuko durante toda a série.


Ao longo da série, Aang foi amadurecendo juntamente com seus amigos: Katara, Sokka, Toph e mais para o final, Zuko. Todos eles eram adolescentes e pré-adolescentes (Aang e Toph), que foram crescendo e apresentando muitas características destas fases. Dentre elas:

  • Aumento da libido (Aang e Katara, Katara e Jato, Sokka e Yue, Sokka e Suki, Zuko e Mai, Toph com interesse no Sokka);

  • Sensação de não saberem quem são, indo em busca de suas próprias identidades;

  • Tendência grupal, onde juntam-se e formam uma identidade, objetivos, preocupações e linguagens próprias do grupo;

  • Fantasia e realidade, que apareceram em muitos episódios como derrotar o senhor do fogo Ozai de formas infantis (e ao mesmo tempo engraçadas);

  • Pensamentos e atitudes contraditórias, pelo fato do desejo da experimentação de coisas novas e perigosas;

  • Flutuações de humor.

Cada um desses personagens citados tiveram o seu desenvolvimento pessoal e social em toda trama. Além de se conhecerem sozinhos, buscando aprimorar suas habilidades, usando seus potenciais, aceitando seus defeitos e fraquezas, se permitindo sentir todos os sentimentos que vinham, eles estavam se autoconhecendo através dos outros, tanto do grupo (Time Avatar), quanto das pessoas que apareciam durante os episódios.


Foram personagens que, tirando Zuko com o Tio Iroh, tiveram a falta na maior parte do tempo de figuras responsáveis, protetoras, paternas e maternas. Talvez poderiam ter obtido soluções mais rápidas se houvesse mentores que os ajudassem nessa jornada de escolhas difíceis e arriscadas.


A série animada passa inúmeras lições de vida, mas uma das mais importantes, na minha opinião, é a valorização do momento presente que se planeja para o futuro. Conseguimos observar que personagens presos ao passado demoraram muito mais tempo em suas evoluções pessoais, claro, cada um possui suas dores, perdas, histórias de vida, traumas e a maioria deles não tinham ajuda externa para enxergarem o que estava acontecendo, e sim apoiadores das mesmas causas. Um grande exemplo é o grupo de Jato, “Lutadores da Liberdade”.


O foco no presente, ajudou alguns personagens a concluírem Gestalts (ciclos) que ainda estavam abertos por algum evento do passado. Katara queria vingança ao homem que matou sua mãe, e quando teve oportunidade, percebeu que nutriu um sentimento do passado de uma pessoa que já não era mais a mesma. Aang queria ser uma criança normal quando recebeu a notícia que seria o próximo Avatar e fugiu, mas quando passou pelo treinamento com um Guru para entrar no modo Avatar quando quisesse, teve que se focar e aceitar o momento presente. Zuko queria capturar o Avatar para conquistar sua honra, mas quando tinha conseguido tudo que queria, percebeu que não era o mesmo de antes, e que passou anos sendo guiado por ideais que não eram seus.


Os personagens da Nação do Fogo possuíam uma hereditariedade com psicopatia, apatia, egocentrismo, talvez alguns outros transtornos mentais (Azula) e de seguirem sempre os passos da família como se fossem seus. No mundo real, existe muito disso ainda, onde o peso que uma família impõe em uma criança para que siga os passos ou que sejam exatamente como eles gostariam, é algo muito visto dentro das psicoterapias e foi um tema abordado desde o primeiro ao último episódio da série.


Quer mais? Assista nossa live sobre a série em https://www.instagram.com/tv/CESbM2PJI8y/?utm_source=ig_web_copy_link



Ramom Saraiva Flores é Psicólogo (CRP: 07/30227), Pós-graduado em Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica. Trabalha com interpretações de sonhos, aumento da autoconfiança, estímulo da criatividade, retomada da autonomia, despertar do autoconhecimento, independência emocional e autoconhecimento nas relações amorosas. Além de ser fã de contos de fadas e histórias em quadrinhos.

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