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Arnold e a empatia nas crianças

por Giovanna de Boni Fraga - CRP 07/29470


Hey Arnold é uma série de desenho estadunidense criada nos anos noventa transmitida pela Nickelodeon. A série se centra em um aluno da quarta série de nove anos de idade chamado Arnold, que mora com seus avós em uma pensão com o mais diverso tipo de pessoas. Os episódios concentram-se em suas experiências de vida da cidade grande enquanto lida com os problemas que ele e seus amigos encontram. Arnold é um garoto calmo, simpático, gentil, otimista e inteligente que sempre vê o melhor nas pessoas, mesmo quando algumas são rudes, grosseiras e indelicadas com ele. Ainda que fosse pacifico, ele reconhecia seus limites e ficava irritado quando o tiravam do sério. Arnold tinha algumas dificuldades como toda criança, e mesmo assim, sempre tentava demonstrar empatia para com todos, o que tornava ele um personagem bastante carismático. As pessoas em geral, tanto adultos como crianças, o admiravam pela sua disposição de se colocar no lugar do outro, ainda que, demonstrassem sentimentos adversos quando ele queria ajudar. Mas será que Arnold, assim como todas as crianças, nascem com a habilidade de empatia, ou ela é desenvolvida durante o tempo? Vamos descobrir.


Em todos os episódios da série, Arnold se dispôs a ajudar alguém que precisava. Helga era quem mais auxiliava, apesar de o desprezar e ser grosseira para esconder seus verdadeiros sentimentos, ela era bastante grata pelos conselhos do garoto. Arnold era gentil com Helga, e compreendia que por trás da fachada explosiva havia uma insegurança e sensibilidade que não mostrava. Tiveram dois episódios em que eles formaram dupla para um projeto de ciências e acabaram por brigar, devido ao temperamento de Helga. O garoto sabia da vivência familiar da garota, em que os pais não lhe davam a devida atenção, por isso, sempre tentava demonstrar gentileza para com ela, ainda que não recebesse o mesmo em troca. Outro personagem que Arnold aconselhava era Eugene, o garoto mais azarado da turma. Por essa característica e por ter sempre um pensamento otimista, ele tinha apenas Arnold como seu amigo, que era o único que não o julgava.


O Garoto Chocolate que era um dos colegas de escola de Arnold e era viciado em chocolate, a ponto de estar sempre lambuzado, também recebia os conselhos do garoto. Num dos episódios Arnold tenta ajudá-lo a superar o vício, mas não deu muito certo, e Arnold compreendeu que esse era quem ele era. Patty, uma garota bruta e forte, da sexta série, que intimidava a todos, também se sentiu acolhida por Arnold, e até mesmo fez ela ter pena de Helga. Em um episódio ela fica extremamente irritada pelas palavras de Helga e marca de elas duas brigarem depois da aula, e com isso Arnold conversa com ela e diz que Helga é apenas insegura e por isso diz essas coisas. Arnold mostrava-se presente e gentil para com todos os amigos, ele atentava-se aos sentimentos dos outros, aconselhando do modo dele. Arnold era uma criança com apenas nove anos e mesmo com a pouca idade, estava sempre disposto a ajudar a todos.


Arnold era uma criança empática, mas afinal, o que isso significa? A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro - entendendo seus medos, compreendendo seus receios, e também, compartilhando suas alegrias. É quando há conexão com a outra pessoa, sabendo o que ela está sentindo e fazendo o que puder para ajudá-la. A empatia para as crianças é importante para que a vida em sociedade tenha mais harmonia, pois convivemos com pessoas diferentes a todo instante, nas mais variadas situações. A criança que se importa com o outro, apresentando comportamentos de ajuda e cooperação, se desenvolve melhor socialmente, fazendo mais amigos. Apesar de acharmos ser uma habilidade inata, na verdade, ela pode ser desenvolvida assim como todas as outras habilidades sociais. O diálogo com a criança ao corrigi-la e explicando regras deve ser a prioridade quando se trata de desenvolver a empatia. O exemplo é fundamental também, pois as crianças são esponjas, tudo o que elas veem e ouvem, são absorvidos como certo ou errado. Não adianta dizer uma coisa e fazer outra.


A socialização é um ponto interessante no desenvolvimento da empatia. Pois, quando a criança pode ter contato com outros indivíduos da sua idade, ela já vai compreendendo comportamentos e regras diferentes do que ela vê em casa, não que seja melhor ou pior, apenas é distinto e isso é importante para que ela tenha repertório de como interagir. Quando há conflitos, no caso de ameaças e punições, se a criança não entender o motivo de seus cuidadores estarem fazendo isso, ela acaba por fazer o mesmo na escola, ou seja, ela machuca os colegas, mas não sabe explicar o motivo disso. As crianças por terem um repertório menor do que nós adultos, precisam conhecer o que é certo ou errado de uma forma simples e não violenta, isso quer dizer que não adianta colocar a criança de castigo, agredir ou brigar, é preciso encontrar soluções junto dos pequenos. As crianças estão aprendendo a conviver, por isso, os adultos têm que ensinar e não punir, pois afinal, nós temos mais repertório, conhecimento e tempo de vida do que elas.


Voltando a série, Arnold, não tinha a presença dos pais, mas seus avós que os ensinaram lições valiosas sobre amizade, respeito e educação. Ele também tinha o contato com as mais diversas culturas na pensão em que morava, então isso, ajudava a ter uma maior compreensão sobre as particularidades de cada indivíduo. Arnold tinha diversos amigos, cada um deles diferente um do outro, e isso fazia com que ele nutrisse um maior respeito às pessoas que não conhecia. Arnold por ser tão empático aos nove anos, nos faz pensar que essa é uma habilidade inata do garoto, mas na verdade não. Ele teve contato com muitas pessoas diferentes, e isso ajudava muito a compreender o mundo interno de cada um. Teve um episódio em que Arnold foi repreendido pelos amigos por estar sempre aconselhando, e ele ficou bastante chateado, mas compreendeu que talvez nem todo mundo precisasse dos seus conselhos. No final, seus amigos imploraram para que voltasse a aconselhar as pessoas que precisavam de ajuda, pois eles se deram conta de que Arnold não só auxiliava por auxiliar, ele sabia se colocar no lugar dos outros, e era esse o seu diferencial.



Giovanna de Boni Fraga é escritora e psicóloga, formada pela PUCRS. Idealizadora do Projeto Relatos Porta Adentro, com o intuito de trazer leveza ao tempo de quarentena. Através do autoconhecimento ajuda pessoas a se conectarem com a sua criatividade.

Acompanhe seu trabalho em:

https://medium.com/@giovannafraga

https://medium.com/@relatosportaadentro


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