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DOTA: Andando com Sapatos de Dragão

Por Leo Strack - psicólogo em formação


“DOTA: Dragons Blood” é a nova série animada da locadora vermelha (Netflix). Nela somos apresentados a um mundo fantástico habitado por princesas élficas, magos poderosos, dragões famintos e seus caçadores: os cavaleiros dragões. Davion é um destes guerreiros que defende cidades e vilarejos da fúria destes reptilianos alados. Ao menos a história começa assim…


Motivado pelo fato de um dragão ter queimado seu pai, ainda vivo, na sua frente, Davion dedicou a sua vida a caçar essas criaturas. Na visão do personagem, dragões são grandes feras assassinas que se alimentam de humanos da mesma forma que animais como gado e ovelha. A sua raiva e desgosto por dragões fica evidente logo nas primeiras cenas, onde o vemos ferozmente esfaqueando seu inimigo com a lâmina projetada em sua armadura. O único aspecto positivo que observamos por parte de Davion em relação ao dragão é o respeito à habilidade assassina da criatura; o que, convenhamos, não é tão positivo assim.


Porém tudo isso muda quando o Ancivorme Slyrak, um dos mais fortes dragões que existem, usa o corpo de Davion para guardar seu espírito após ambos combaterem um misterioso inimigo em comum. Agora com a alma de um dragão habitando seu corpo, Davion descobre a história que existe por trás das “feras assassinas” que caçava. É através desta mudança de perspectiva que a história segue, mas pode ficar tranquilo, eu não vou contar mais nada pois tudo o que precisamos para nossa reflexão está aqui.


“DOTA: Dragons Blood” trabalha muito bem com o conceito que vamos chamar aqui de Verdade Relativa. Para Davion dragões eram apenas feras que se alimentavam de carne, seja ela humana ou não. Toda sua experiência de vida, tudo que foi ensinado e tudo que aprendeu sozinho o levou a essa conclusão. Esta era a sua realidade. Aquilo que chamamos de Verdade Relativa nada mais é que a visão que cada um de nós tem do mundo e das pessoas que nos cercam. Por estar muito ligada à experiência de vida de cada indivíduo é comum, e esperado, que existam divergências entre a minha verdade e a sua. Ao longo da nossa vida certamente haverão momentos que nos farão questionar aquilo que pensávamos ser verdade, exigindo que a nossa percepção do entorno mude. Este é o dilema que Davion enfrenta nesta primeira temporada da série.


Quem de nós nunca passou por uma situação parecida? Quem de nós não mudou de opinião em relação a um colega de faculdade ou de trabalho depois de conhecer um pouco da história daquela pessoa? É por isso que existe o ditado popular: antes de julgar alguém, tente caminhar uma milha (três luas, um dia, ou outras medidas de tempo e distância) com seus sapatos. É compreensível não gostarmos de alguém, termos receio com algo novo ou simplesmente termos um sentimento negativo em relação a algo. Porém um adulto saudável deve ter sempre em mente que aquela é a SUA verdade, e que devemos estar abertos e dispostos a repensar e, se necessário, rever a percepção que temos do mundo à nossa volta. Somente dessa forma seremos capazes de aprender e crescer como pessoa, alçando vôo assim como Davion, o cavaleiro dragão...Ops! Desculpa, o spoiler foi sem querer.


Léo Hemann Strack. Estudante de psicologia, motociclista e ser humano nas horas vagas.

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