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Os 13 porquês – Bryce Walker e sua família (3ª temp)

por Psicóloga Carolina A. Fasolim - CRP 06/125424


Você provavelmente já deve ter ouvido falar da série Os 13 porquês (13 reasons why), da Netflix, não é? A primeira temporada da série causou polêmica pelo fato de abordar o suicídio de forma "explícita", tanto que nesse ano a Netflix resolveu excluir a cena em que a personagem principal, Hannah Baker, comete suicídio no banheiro de sua casa. Apesar disso, a série nos traz a importante discussão sobre o tema suicídio, bullying entre outros, que envolvem a geração adolescente.


Já lançada a 3° temporada nesse ano, a série traz outro enredo, menos polemizado, mas que envolve o assassinato de Bryce Walker, um dos atletas que estudava na Liberty School, colégio em que se passa a série. O colégio é uma escola típica americana, na qual o esporte é valorizado e que os atletas se apresentam como machões, fazem uso de drogas, cometem estupros e se sentem no direito de fazer o que querem.


Nesse texto quero trazer um pouco mais sobre Bryce Walker, o personagem assassinado na 3º temporada e seu contexto familiar.


Bryce, após ter cometido vários estupros, foi convidado a se retirar da escola, (na 1° temporada ele estuprou Hannah e outras meninas do colégio). Ele também era um adolescente que consumia drogas e bebida alcoólica. Sua família com muito poder aquisitivo, lhe oferecia tudo que podia.


A terceira temporada causa um grande suspense sobre o assassino de Bryce, nos fazendo duvidar de várias pessoas que desejavam a morte dele, uma vez que vários personagens da série tinham um motivo para se vingar dele. Bryce causou mal a várias pessoas.


Nessa temporada, o adolescente é abandonado pelo pai, que constitui uma nova família e deixa o jovem e sua mãe completamente desamparados. Bryce que fez muito mal a várias pessoas, demonstra a intenção de mudar e reparar seus erros. Por isso inicia um aconselhamento com o Senhor Porter, o antigo conselheiro da escola Liberty.


Nesse processo, ele escreve uma carta sobre sua mãe, dizendo que ela viveria melhor sem ele. O conselheiro propõe que Nora participe de uma consulta e que ele mostre a carta à sua mãe.


Bryce e sua mãe tem um momento de reconciliação, em que Nora lê a carta de Bryce e ela lhe conta sobre sua gravidez, relatando que ela não estava preparada para ser mãe e que entrou numa depressão quando Bryce nasceu. Isso culminou em falta de cuidados e atenção ao filho, já que não sabia como fazê-lo.


Pensando nesse personagem e no seu contexto familiar, podemos chegar à conclusão de que os pais de Bryce apresentam o perfil de pais não presentes, podemos até pensar que eles são pais negligentes, como numa das falas de Bryce, que relata ao conselheiro sobre seus pais serem ausentes na sua infância.


Os estilos parentais, pesquisados pela americana Diana Baumrind (1966), inicialmente propôs os estilos autoritário, permissivo e participativo. O estilo negligente foi criado por Macoby e Martin em 1983. Pais negligentes não colocam limites e regras claras aos filhos e deixam de suprir algumas necessidades básicas da criança.


Filhos de pais negligentes podem apresentar atraso no seu desenvolvimento e desenvolver um transtorno de conduta, cometendo delitos e crimes. Bryce apresenta esse tipo de comportamento durante a série.


O modo em que os pais educam pode influenciar no desenvolvimento da personalidade dos filhos, por isso, é importante que os pais sejam presentes e que coloquem limites e regras claras, ou seja, que sejam pais participativos.


Manter um equilíbrio no modo de educar uma criança é um grande desafio. Muitas vezes percebemos que pais que tiveram uma educação autoritária no passado, hoje são o oposto com seus filhos, agindo de forma permissiva, deixando que a criança faça o que bem quer.


É importante que façamos essa reflexão para que os pais pensem sobre o modo que eles estão educando seus filhos e em quais pontos eles podem melhorar para garantir que tenham filhos saudáveis integralmente. Diante dessa reflexão, nós psicólogos estamos à disposição para auxiliar esses pais na caminhada da paternidade, podendo criar esse espaço de apoio, orientação e acolhimento.


Eu gosto muito dessa série, pois ela também nos faz pensar sobre a geração de hoje, como os adolescentes e jovens estão adoecidos e que também precisam de cuidados. Se você ainda não assistiu à série, recomendo que o faça.


Encerro aqui o meu texto e espero que essa escrita tenha contribuído de alguma forma para você, leitor. Até a próxima!


Carolina Andressa Fasolim é psicóloga formada pela PUC-Campinas, CRP 06/125424, pós graduada em Arteterapia pela UNIP, realiza atendimento individual de crianças e adolescentes e coordena grupos terapêuticos em Arteterapia com diversos públicos na cidade de Sorocaba. Também realiza Orientação Profissional/Vocacional para adolescentes a partir de 16 anos.

Suas áreas de interesse são, relações familiares, infância e adolescência.

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