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O autismo de Sam: um olhar sensível e bem-humorado em Atypical

por psicóloga Larissa César - CRP 03/9058


Sam é um jovem de 18 anos que possui Transtorno do Espectro Autista (TEA) e está em busca de sua independência. O TEA se distingue do autismo clássico, não só pelos sintomas mais leves, mas principalmente por sua capacidade cognitiva, muitas vezes com a inteligência acima da média. A série traz uma percepção diferenciada sobre a ideia que se tem dos autistas, tanto para o público leigo quanto para os profissionais: a de que eles não falam, não olham nos olhos e ficam se sacudindo para frente e para trás. Sam, o protagonista, foge do estereótipo: conversa, olha nos olhos, vai à escola, anda sozinho pela rua, desenha, lê, escreve, trabalha em uma loja de eletrônicos, faz suas atividades da vida diária, o que não é possível para todos os que estão dentro do espectro.


A jornada de autodescoberta de Sam é tão divertida quanto dramática e tem um impacto em toda a sua família, forçando-os a lidar com as alterações em suas próprias vidas e os fazendo questionar: afinal, o que realmente significa ser normal? A partir dessa pergunta, vamos entendendo a forma como Sam enxerga mundo, favorecendo assim uma melhor compreensão do universo autista.


Sam tem uma família comum, e ao longo dos episódios os conhecemos em sua rotina imperfeita, todos os personagens são humanos e repletos de conflitos. Elsa, a mãe, é super protetora, sua vida gira em torno do diagnóstico do filho. Já Doug, seu pai, possui muita dificuldade em se comunicar com o filho, mas se esforça para estreitar sua relação com ele e entender como funciona a mente de Sam. Casey, a irmã mais nova, o ajuda dentro da escola e em outros ambientes, e se divide entre a necessidade de ter seu próprio espaço e a responsabilidade de também cuidar do irmão. Sam requer bastante atenção de sua família e, assim, o dia a dia gira em torno dele, seus pais se dividem entre os momentos de cumplicidade e conflito ao lidar com o transtorno do filho e tomar decisões a respeito.


Na série, Sam tem como objetivo encontrar uma namorada, para isso ele traça um plano e descobre, que precisa prestar atenção ao sentimento da outra pessoa, filtrar suas emoções e descobrir o que ele mesmo quer, sente ou espera para conseguir ter um relacionamento amoroso. Nessa caminhada Sam é acompanhado por sua terapeuta Julia, é ela quem reforça sua autonomia e o incentiva a desenvolver suas percepções. É nesse momento que ele conhece Paige, e com ela vai aprender como é a dinâmica do namoro, os motivos que levam alguém a se apaixonar e como manter um relacionamento. Paige é o lado romântico, desenvolvendo um interesse puro e sincero, já Sam é o lado racional e metódico, proporcionando assim a construção de uma relação atraente, onde há aprendizados, descobertas e dilemas para ambos.


Atypical nos convida a conhecer o universo de Sam pela ótica do autismo, mostrando a forma singular que as pessoas com TEA veem, pensam e sentem o mundo. Aos poucos, entendemos a difícil realidade, não só dos familiares, mas da sociedade em geral, no trato com o autista. O diálogo sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista) é promovido de forma realista, leve e bem-humorado, além disso, traz conflitos e conquistas de personagens bem reais, humanos e imperfeitos como todos nós. É uma série envolvente, delicada e cheia de emoção.


Larissa César, é psicóloga, CRP 03/9058, com formação em Terapia Familiar Sistêmica. Atua clinicamente com terapia individual, casal, e familiar.

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