por psicólogo Otavio Fernandes Macedo, CRP 06/141924
Olá, tudo bem?
É com grande alegria que eu escrevo o primeiro texto sobre Grey’s Anatomy aqui do blog! Além de ser uma das minhas séries preferidas, vejo o quanto de conteúdo podemos tratar utilizando seus mais de 300 capítulos e 15 temporadas.
Situando para aqueles que não a conhecem, Grey’s Anatomy trata-se de uma série que acompanha alunos de medicina, desde o período em que são internos até o momento em que se tornam residentes. Particularmente, conta a história de Meredith Grey, ou Mer para os mais íntimos, e como ela, apesar de ser filha da grande cirurgiã geral Ellis Grey, luta pela sua história, batalha por ser. Não a herdeira de uma excelente médica, mas para sê-la. Para isso, durante as 15 temporadas que já estão no ar, conta com o auxílio, companhia e o prazer de outros médicos, os quais, de determinadas maneiras, vão se destacando e podendo mostrar para que tornaram-se médicos e quais são seus objetivos de vida.
E, sem mais delongas, quis explorar nesse primeiro texto, justamente o que está tão presente na série: o lugar ao sol de Meredith Grey. Mas como assim? Durante as primeiras temporadas, acompanhamos sua trajetória na busca pela sua identidade: não negando ser filha de uma excelente e renomada médica, mas provando do que é ser amiga, proprietária de uma residência, médica, namorada e esposa, e, muito significante, quem é Meredith para a própria Meredith.
Para ilustrar esse texto, escolhi o episódio 7 da 1ª temporada, intitulado de “Botão da autodestruição”. Neste episódio, acontecem algumas coisas, tais como: Derek (chefe da área de neurocirurgia) acordando na casa da protagonista, após uma noite de “amor”, e tendo que sair escondido para que os demais da casa não o vejam (será que ele consegue? Não darei spoiler rsrs); os inquilinos, amigos de Meredith, que alugam quartos da cada da mesma, deparando-se com o desafio de se manterem neutros a uma situação; a própria filha de Ellis, sendo aluna de Derek, precisando esconder seu caso com ele para não ser julgada; e, por fim, uma paciente que, na busca por agradar sua mãe, submete-se a um procedimento cirúrgico arriscado.
Há uma semelhança em todas essas situações: todos eles precisam lidar com quem são, ou melhor, com suas próprias identidades. Ora o professor que é amante da aluna. Ora os amigos que precisam fingir que não sabem do caso amoroso, contudo, sabendo, precisam lidar com o medo da desvantagem. Ora Meredith, já julgada por ser filha de uma excelente médica, tendo que lidar com a ideia de ser “olhada torta” pelos outros internos, pelo fato de acharem que estão em desvantagem. E ora uma pessoa que nega a si mesmo pelo desejo de outra.
A reflexão que fica é: Será que, sabendo quem somos de fato, precisamos sempre estar preocupados com o que as outras pessoas pensarão de nós? Ou o fato de sempre considerar o julgamento de terceiros não aponta para o julgamento que fazemos conosco mesmos?
Derek precisa entender que, além de professor e chefe da neurologia, ele é um homem, um humano que demanda amor. O’Malley e Isis não acreditam na própria competência em se destacarem numa área da medicina cirúrgica. Meredith não entende que há vida fora do Hospital e que sua trajetória depende de suas próprias escolhas e não o que determinam por ser filha de fulana ou ciclana. Ou, no caso da paciente que, desejando não decepcionar a mãe, passa pelo processo da bariátrica, não entende que, acima de tudo, precisamos ser livres para sermos nós mesmos e que somente assim encontraremos o sentido da vida.
O quanto nós estamos nos esquecendo mediante o ambiente, as circunstâncias, as pessoas, negando nossa própria demanda, preocupados com o que as pessoas vão pensar? Nossa identidade pertence a nós mesmos e é construída com a nossa própria pegada. As escolhas nos constroem, nos ensinam e nos desenvolvem, e somente nós podemos fazê-las pela gente.
É claro que vivemos em sociedade e que, para manter a ordem, precisamos entender a dinâmica da vida social e grupal. Mas só contribuiremos para o crescimento do ambiente no qual estamos inseridos, tornando-o bom para ser vivido e experienciado, quando entendermos qual é a nossa identidade e como ela se aplica a vida grupal.
Espero que esse texto sirva de incentivo para que você comece a considerar que não somos iguais a ninguém, mas temos o mesmo direito de sermos quem somos. Isso nos eleva!
Grande abraço e até mais!
Otavio Fernandes Macedo é Psicólogo, CRP 06/141924. Trabalha com atendimentos de crianças, adolescentes e adultos em Mogi das Cruzes/SP. Acompanhe seu trabalho em:
Tel: (11) 99768-4519
Email: psic.otavio1@gmail.com
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