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Gatunas

por psicóloga Ângela S. R. Guimarães, CRP 01/17732


Elodie é uma adolescente que acabou de vivenciar a perda da mãe e precisa morar com o seu pai em outra cidade. Chega à escola no seu primeiro dia de aula e já é chamada para ir a uma festa, o que a faz acreditar ser acolhida por essa tribo. Contudo, se depara nesse ambiente com algumas pessoas que a ignoram e percebe que foi convidada apenas por educação.


Saindo desse ambiente ela vai até um mercado, sente uma euforia e resolve roubar alguns objetos. Para o seu azar, ela é pega e encaminhada para reuniões dos furtadores anônimos. A partir desse momento Elodie começa a construir uma amizade com duas adolescentes (Moe e Tabitha) que tem como base o segredo das três, a cleptomania.


De acordo com Henri Ey (1969, citado em Ribeiro, 2016) podemos entender a cleptomania como roubo impulsivo de objetos que tem como objetivo a proteção psíquica contra perigos imaginários que envolvem culpabilidade, agressividade e castração.


Durante a trama fica muito claro que Elodie iniciou esse tipo de comportamento depois que sua mãe faleceu em um acidente de carro, no qual ela esteve presente. Com aquela morte, a adolescente sente-se culpada como se fosse a ocasionadora do evento e relata que a vida lhe roubou algo.


Para tanto, ao se perceber em um contexto que lhe falta afeto (e quando utilizo esse termo, quero deixar bem claro que não é a mesma coisa que carinho e atenção), ela desloca seus sentimentos e emoções advindas do trauma para os objetos e ao furtá-los sente um prazer momentâneo por ter a sensação de que está se vingando da vida, readquirindo o que lhe foi tirado.


Como Winnicott diz (2005, p. 141, citado por Ribeiro, 2016), “a criança que rouba algo não deseja o objeto roubado, e sim a mãe sobre a qual acredita ter direito”.


Ângela S. R. Guimarães reside em Brasília, é psicóloga clínica, neuropsicóloga e especialista em avaliação psicológica, CRP 01/17732. Atende adultos em seu consultório particular e na sua trajetória profissional tem interesse por psicanálise, psicopatologia e suas relações com a neurociência. Para entrar em contato e acompanhar seu trabalho, acesse:  Site: https://www.angelaneuropsi.com/ Instagram:https://www.instagram.com/psicologa.angelaguimaraes/

Telefone: (61) 99807-9496.

 

Referência:

Ribeiro, O. J. (2016). Cleptomania: quem roubo meu afeto? Revista de Psicanálise, Reverso, v. 38, n. 72, Belo Horizonte.



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