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BLACK MIRROR - Arkangel (ep.2 temp.4)

Atualizado: 6 de jan. de 2019

por Psicóloga Carolina A. Fasolim CRP 06/125424


A série Black Mirror é uma série de ficção científica original da Netflix que reflete sobre a influência do uso das tecnologias no futuro. É uma série antológica, pois em cada episódio há uma história e personagens diferentes. Quero trazer aqui em especial o 2º episódio da 4º temporada, ARKANGEL, para que possamos refletir sobre essa história.


Neste episódio, Marie é mãe de Sara, que aparenta ter entre 3 ou 4 anos. Um dia elas vão ao parque e Marie se distrai conversando com uma amiga. Nisso, Sara começa a seguir um gato e desaparece pela floresta. Quando Marie nota que sua filha desapareceu, começa a procurá-la desesperadamente. Depois de alguns minutos um homem a encontra e Marie fica aliviada em tê-la encontrado.


Após esse ocorrido, Marie vai até uma clínica chamada Arkangel, que desenvolve tecnologias para o público infantil para que implantem um dispositivo no cérebro de Sara. Ao implantarem o dispositivo a mãe recebe da “médica” um tablet no qual consegue controlar o que Sara vê e também seus sinais vitais.


A partir disso, Marie distorce pelo tablet tudo aquilo que pode ser violento ou causar medo em Sara para protegê-la. A menina vai crescendo e começa a demonstrar curiosidade em ver cenas violentas em filmes ou desenhos e em vivenciar o perigo e a dor quando fura seu dedo com um lápis, por exemplo.


Pensando em nossa realidade, vejo muitos pais que não permitem que os filhos se frustrem. Acabam criando a criança em uma bolha, a protegendo, impedindo de vivenciar sentimentos importantes em nossa vida. Como essa criança se desenvolverá? Que tipo de adulto essa pessoa irá se tornar? Percebem as consequências dessa superproteção?


Voltando à série, Sara já na adolescência começa a se envolver com um rapaz que era seu amigo na infância e ele trafica drogas. É aí que ela começar a experimentar drogas ao lado ele. Quando sua mãe descobre pelo tablet, ela ameaça o rapaz e o proíbe de ficar com ela.


A partir daqui, já podemos refletir sobre as atitudes dessa mãe para ter total controle da filha. É muito bizarro pensar que um dia poderá existir tecnologias assim, para que os pais possam saber o que os filhos fazem, onde estão e com quem estão. Mas como citei anteriormente, tem muitos pais que superprotegem seus filhos, impedindo que eles experimentem a frustração, que não experimentem a raiva ou a tristeza.


As crianças precisam desenvolver autonomia, tem de aprender a lidar com as situações que irão encontrar na vida. No caso de Sara, ela não sentia medo de nada, pois enxergava tudo distorcido. Por conta disso ela começou a ter curiosidade em experienciar esses tipos de sensações. E isso a levou a usar drogas na adolescência, pois sua mãe nunca teve um diálogo sobre esse tipo de assunto. Havia pouco diálogo entre as duas.


A adolescência é uma fase de impulsividade. Adolescentes não calculam as consequências do que fazem, o fazem apenas por recompensa, por sentir a sensação de adrenalina. Podemos pensar também que Sara precisava se sentir mais livre, longe do controle da mãe. Até que no fim do episódio ela foge de casa, pois não aguentou mais viver daquela forma.


Aos pais que lerem essa reflexão, reflitam sobre suas atitudes e sobre como podem influenciar no desenvolvimento do seu filho! E para quem puder, recomendo a série como um todo, nos traz reflexões importantes sobre nossas relações com a tecnologia.


Carolina Andressa Fasolim é psicóloga formada pela PUC-Campinas, CRP 06/125424, pós graduada em Arteterapia pela UNIP, realiza atendimento individual de crianças e adolescentes e coordena grupos terapêuticos em Arteterapia com diversos públicos na cidade de Sorocaba. Também realiza Orientação Profissional/Vocacional para adolescentes a partir de 16 anos.

Suas áreas de interesse são, relações familiares, infância e adolescência.

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